Voltaire de Souza: Algemas inúteis
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É a luta contra o vírus.
Uma questão se coloca. Quem fiscaliza? O capitão Morretes não tinha dúvida.
-Nós, ué.
Eram conhecidas as suas ligações com o tráfico e as milícias.
-Já falei com o pessoal.
Ele respirou fundo.
-Festa e baile, só com minha autorização.
O quadro é de difícil controle.
-E a minha vacina, quando chega?
Policiais circulam por todos os lugares.
-Já não basta o risco de bala?
Sua viatura avançava pelas quebradas do Rio de Janeiro.
-Hum. Parece que tem coisa aí.
Vozes. Gritos. Batucadas.
Morretes desceu da viatura com a arma em punho.
-Ninguém me avisou dessa reunião.
Não era coisa de traficantes. Tratava-se de um centro espírita. Funcionando normalmente. A ordem foi clara.
-Dispersar essa reunião.
Uma corajosa morena resistiu.
-Vem me prender se conseguir.
Morretes tentou algemá-la. Os pulsos da mulher se dissolveram como fumaça.
-Sou a Marielle, babaca.
Morretes ainda tentou disparar tiros contra o fantasma da vereadora assassinada.
Em casa, ele pensa em consumir menos drogas e bebidas.
A quarentena é forte.
Mas nem tudo fica aprisionado. Leia mais (03/19/2021 - 10h00)