Discos só para ver
0
Estuda-se ainda o lançamento, em tiragem ultralimitada, de uma caixa contendo, além do LP, uma página arrancada do diário íntimo de Taylor, com sua caligrafia à caneta, e um fio de seus cílios postiços e uma unha de acrigel usada retirados por suas próprias mãos. O problema é que, pelo preço estratosférico, teme-se uma onda de suicídios entre as fãs impossibilitadas de comprar a caixa. E isto será apenas um grão na esperada venda de 1 milhão de vinis.
É formidável. Só me pergunto por que, com a volta triunfal dos LPs, a venda de toca-discos não parece compatível com tal estouro. Digo isso porque, nas lojas que ainda vendem discos, vejo jovens mergulhados nas gavetas de vinis, salivando sobre aqueles LPs lacrados e caríssimos, mas não ouço uma palavra sobre toca-discos.
No tempo em que o LP era a grande mídia musical, seus compradores sabiam tudo sobre cápsulas, agulhas, cristais, pré-amplificadores e válvulas, e passavam boa parte do tempo discutindo sobre isso nas lojas. O objetivo, óbvio, era chegar ao máximo de perfeição sonora na reprodução da música.
Esta é a diferença. Não se vendem tantos toca-discos porque o disco, hoje, não é comprado em função da música. Não precisa ser tocado. É uma peça de colecionador -o importante é ter uma versão que ninguém tenha. E sua capa, pelo tamanho, formato e beleza, é só um pôster de luxo. Leia mais (05/05/2024 - 08h00)