Conselho de medicina revoga licença de médicos que promoveram ivermectina contra Covid-19
O órgão americano equivalente ao Conselho Federal de Medicina (CFM) revogou o certificado de dois médicos americanos conhecidos por liderar uma organizar que promovia a ivermectina como tratamento para a Covid-19. A decisão do American Board of Internal Medicine (ABIM) lembra que o medicamento foi provado ineficaz e que resultados que alegavam benefícios foram feitos com base em pesquisas “potencialmente fraudulentas”.
Os dois homens co-fundaram a Front Line Covid-19 Critical Care Alliance, que especialistas dizem espalhar desinformação sobre a pandemia de coronavírus. O site do Conselho listou as certificações de ambos os homens como “revogadas” na semana passada. Isso efetivamente os impede de praticar em grandes hospitais e instituições acadêmicas.
Pierre Kory, perdeu o certificado em medicina de cuidados intensivos, doenças pulmonares e medicina interna, de acordo com o site da ABIM. Paul Ellis Marik, não é mais certificado em medicina de cuidados intensivos ou medicina interna.
Marik é o diretor científico e Kory é presidente emérito da Front Line COVID-19 Critical Care Alliance, um grupo que eles fundaram em março de 2020. A FLCCC ganhou notoriedade durante o auge da pandemia por defender a ivermectina como tratamento para COVID. Atualmente, a organização defende regimes de suplementos para tratar “lesões causadas pela vacina” e também oferece tratamentos para a doença de Lyme.
Sem evidências
A ABIM se recusou a comentar quando questionada pelo Medscape Medical News sobre sua ação. Seu site indica que “revogado” significa “perda de certificação devido a ação disciplinar para a qual a ABIM determinou que a conduta subjacente à sanção não justifica um caminho definido para a restauração da certificação no momento da sanção disciplinar.”
No Brasil, o uso da o uso da ivermectina como tratamento para COVID-19 gerou controvérsias significativas ao longo da pandemia. Inicialmente, a ivermectina foi promovida por alguns médicos e políticos como parte de um “tratamento precoce” para a doença, mesmo sem evidências científicas robustas que apoiassem sua eficácia contra o coronavírus.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outras autoridades de saúde brasileiras, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), alertaram repetidamente que não havia comprovação científica suficiente para recomendar a ivermectina como tratamento para COVID-19. A Anvisa emitiu várias notas técnicas esclarecendo que o uso do medicamento para tratar a COVID-19 não era respaldado por estudos clínicos de alta qualidade e que a ivermectina deveria ser utilizada apenas para as indicações aprovadas, como o tratamento de parasitoses.
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