Única vereadora de Aparecida, Camila Rosa destaca desafios e falta de representatividade feminina na política
Reeleita nas eleições em 2024, Camila Rosa continua sendo a única mulher no Legislativo de Aparecida de Goiânia. Em entrevista ao Jornal Opção, a vereadora abordou os desafios enfrentados ao longo do mandato e as dificuldades de ser a única voz feminina em um ambiente predominantemente masculino.
“Não é fácil ser a única, porque tem matérias que às vezes são exclusivas de pautas femininas”, declarou, ressaltando que, embora seus projetos sejam aprovados, a discussão em torno de temas como a endometriose se torna mais complicada.
Camila compartilhou que sua maior dificuldade no mandato foi lidar com as barreiras impostas por esse ambiente, muitas vezes marcado por atitudes violentas ou desafiadoras. “A maior dificuldade foi aquela discussão junto com o presidente [André Fortaleza], mas foi superada. A gente trabalha pela cidade, então são desafios que têm que ser superados”, afirmou, destacando que precisou se afastar temporariamente da Casa para superar algumas dessas barreiras.
A vereadora acredita que a falta de representatividade feminina no Legislativo é um reflexo da ausência de espaço para as mulheres em cargos de liderança e poder. “Quando você entra no gabinete de um homem eleito, a maioria dos servidores são mulheres, e essas mulheres depois vão para a rua no momento do voto, relegendo eles. Isso contribui muito para a falta de representatividade”, explicou.
Camila defende que políticas públicas voltadas para a maior participação feminina na política são essenciais, tanto no setor público quanto no privado. A presença de uma única mulher no parlamento municipal, segundo Camila, dificulta o avanço em pautas que afetam diretamente a vida das mulheres.
Ela acredita que uma maior representatividade feminina poderia facilitar a aprovação de projetos e garantir que questões fundamentais sejam discutidas com a devida atenção. “Quando somos mais e temos pautas iguais, isso facilita muito”, finalizou.
Decisões tomadas
Para Camila, a maior barreira para a participação das mulheres na política não está apenas nas campanhas eleitorais, mas na estrutura dos partidos e na esfera pública, onde as decisões são tomadas. “Mais espaço, tanto nos partidos, nos momentos de discussão, também nas indicações, principalmente aí na esfera pública. Acredito que são um dos maiores fatores que poderiam contribuir para que elas participassem mais”, afirmou.
Ela destacou que, apesar das cotas eleitorais para mulheres, a realidade se mostra desafiadora quando a campanha começa. “Não é só no momento de campanha, de candidatura, reservar um número de cota e só oferecer vagas e oferecer o céu de brigadeiro como é feito para todas”, explicou.
A parlamentar também mencionou seu empenho em criar mecanismos para apoiar as mulheres da cidade, destacando a Procuradoria da Mulher como uma iniciativa importante. “No ano passado, nós apresentamos um projeto que foi capitaneado pela Assembleia Legislativa, que é a Procuradoria da Mulher. Essa, além de ser mais uma ferramenta de denúncia, uma ferramenta de proteção à vida feminina, ela também contribui com vários fatores de informação”, disse Camila.
No entanto, a vereadora revelou que a falta de estrutura tem atrasado a implementação completa do projeto. “Desde a mudança da Câmara para o novo endereço, ainda não estamos totalmente equipados, mas acredito que no próximo ano, com a instalação da Procuradoria da Mulher, poderemos usar isso em nosso favor a todo tempo, até mesmo para diminuir os índices de violência.”
Camila também reforçou sua visão de que a política é uma missão, e que ela pretende continuar trabalhando em grupo para ajudar a população. “Acho que a vida de agente político é vista como uma missão mesmo, uma missão de ajudar as pessoas, cuidar de pessoas, e eu estou nessa missão preparada para onde Deus abençoar e as pessoas acharem que a gente deve estar. Seja em cargos legislativo, executivo, trabalhando sempre”, concluiu.
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