Repasse às universidades federais cai pela metade em 12 anos, aponta levantamento
O financiamento público destinado às universidades federais e às agências de fomento à ciência e tecnologia deve encolher ainda mais em 2026. Segundo levantamento do Observatório do Conhecimento, o orçamento previsto pelo governo federal será 53% menor que o de 2014, considerando valores corrigidos pela inflação.
De acordo com o estudo, o repasse total será de R$ 17,9 bilhões, ante R$ 32,5 bilhões há doze anos. O orçamento das universidades federais, utilizado para manutenção, custeio e investimentos, cairá para R$ 7,85 bilhões, o que representa apenas 45% do valor aplicado em 2014, mesmo com o aumento no número de instituições (de 59 para 69).
O cenário é ainda mais grave nos investimentos: o valor previsto de R$ 335,9 milhões corresponde a apenas 5,67% do que foi destinado há 11 anos, o que, segundo o relatório, torna praticamente inviável a modernização e ampliação da infraestrutura universitária.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, encaminhado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, mostra recomposição mínima, de apenas 0,12% em relação a 2025.
O estudo alerta para a crescente dependência das universidades em relação às emendas parlamentares, que têm servido para cobrir lacunas deixadas pelos cortes federais. Essa dinâmica, segundo o Observatório, fragiliza a autonomia universitária e compromete a continuidade de projetos de pesquisa, ensino e extensão.
O relatório conclui que, apesar dos discursos oficiais sobre valorização da ciência e da educação pública, o financiamento ao conhecimento no Brasil segue em situação crítica, reflexo, segundo os autores, de uma política de desmonte do serviço público e de desvalorização do trabalho docente nas instituições federais.
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