Isto é o que você precisa saber sobre o Zika vírus e a microcefalia
Os especialistas alertam para que fiquemos atentos, e não com medo.
A Organização Mundial da Saúde declarou o Zika vírus como uma emergência de saúde publica.
Durantes as últimas semanas tivemos inúmeras manchetes alertando as pessoas sobre uma nova doença se espalhando nas Américas, com imagens chocantes das supostas vítimas: bebês nascidos com cabeças menores que o comum. Mulheres grávidas foram aconselhadas a não viajarem para os países infectados e o mundo começou a se assustar com a ameaça de uma epidemia como a dos filmes de ficção. Mas o que realmente está acontecendo com esses bebês?
O BuzzFeed Health conversou com dois especialistas em saúde pública e em gravidez, a Dra. Alix Casler, pediatra da Orlando Health Physicians Associates e o Dr. Robert Amler, reitor e professor de saúde pública, pediatria e ciências da saúde ambiental no New York Medical College, para poder descobrir.
Felipe Dana / AP / Via apimages.com
Primeiramente, um pouco sobre ele: o Zika é um vírus transmitido por um mosquito que se tornou uma epidemia no Brasil e em outras partes das Américas do Sul e Central.
O Zika está em circulação desde 1947, quando foi descoberto em Uganda. Até 2015, a maioria dos surtos ocorria na África, Sudeste Asiático e ilhas do Pacífico. Em maio de 2015, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) confirmou o primeiro surto no Brasil, e agora outros estão ocorrendo em 22 países das Américas do Sul e Central — e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças afirma que 31 casos registrados durante viagens foram confirmados nos Estados Unidos. Estima-se que de 3 a 4 milhões de pessoas nas Américas podem ser infectadas com o Zika no próximo ano.
O Zika vírus é transmitido para as pessoas principalmente por mosquitos infectados nas regiões tropicais. "É uma infecção moderada — 80% das pessoas não mostram sintomas, porém 20% podem apresentar febre, erupções cutâneas e dores nas articulações por uma semana", disse Amler. Não há vacina, e o único tratamento consiste em repouso e hidratação. Durante a primeira semana de infecção, o Zika vírus é detectado no sangue do portador e pode ser transmitido para outra pessoa através de um novo mosquito — mas após esse período, o vírus estará fora de seu organismo, disse Amler.
Centers for Disease Control (CDC) / Via cdc.gov
Então por que a atenção maior sobre as mulheres grávidas? A epidemia do Zika no Brasil coincide com o aumento no relato de casos de microcefalia, uma deficiência de nascença que algumas pessoas chamam de "síndrome da cabeça encolhida".
"Um número alarmante de crianças nascidas com danos cerebrais associados com a microcefalia tem ocorrido no Brasil", disse Casler. De acordo com o CDC, em casos raros, a infecção pode ser transmitida de mãe para filho durante o parto.
O CDC também relatou que um número maior e incomum de pessoas no Brasil têm a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune rara que pode causar paralisia. Porém, a ligação entre o Zika e a Síndrome de Guillain-Barré é apenas um conexão em potencial e requer mais investigação.
Leo Correa / AP / Via apimages.com
As autoridades de saúde suspeitam que existe uma ligação entre o Zika vírus em mulheres grávidas e a microcefalia.
De acordo com relatórios do CDC, o aumento dos relatos de microcefalia oriundos de infecções congênitas em bebês infectados com Zika sugerem uma possível relação, mas estudos adicionais são necessários para confirmar isso. "É um vínculo circunstancial, porque essas duas coisas estão ocorrendo ao mesmo tempo -- mas não está muito claro se apenas o vírus está causando o defeito de nascença ou não", diz Casler. Além disso, o Zika está por aí desde o século passado e tem infectado pessoas, incluindo mulheres grávidas, por décadas, diz Casler. Mas as mulheres grávidas em regiões afetadas parecem estar sofrendo um risco maior.
Felipe Dana / AP / Via apimages.com