Deslocamentos forçados, epidemias e fome: armas de Israel para a limpeza étnica em Gaza
"Israel não mede esforços na imposição de sua política colonialista, racista e genocida", escreve Jeferson Miola
No levantamento de 3 de janeiro divulgado pela emissora Al Jazeera com base em dados do Ministério da Saúde de Gaza, já foram contabilizados 22.313 palestinos assassinados e 57.296 feridos por Israel.
Mais de sete mil continuam desaparecidos, o que poderá elevar a cifra de vítimas fatais a 30 mil em 88 dias de ofensiva genocida na Faixa de Gaza.
Na Cisjordânia ocupada, onde o Hamas não tem atuação, no mesmo período as forças israelenses assassinaram pelo menos 324 palestinos, incluindo 83 crianças, e deixaram mais de 3.800 feridos.
A maioria das vítimas palestinas na Faixa de Gaza são crianças – 9.100, o que corresponde à matança diária de 103 crianças; uma a cada 13 minutos. Uma indústria infanticida.
O extermínio dos palestinos, que faz parte do plano sionista de limpeza étnica, vai além de bombardeios e ataques criminosos com soldados, tanques e blindados em terra.
A catástrofe em Gaza avança também pela exposição de palestinos –em especial bebês, crianças e mulheres– à fome e doenças, porque Israel proíbe a entrada de alimentos, remédios e assistência humanitária no território palestino.
Há “um estado de fome e inanição em cenas que são chocantes para nós e para o mundo. As pessoas perderam as forças, já não conseguem sustentar os seus corpos extenuados e ficaram expostas a epidemias e doenças”, explicou Mohammad Shtayyeh, primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina.
De acordo com Tor Wennesland, enviado especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Israel continua impondo dificuldades “quase insuperáveis” para a ajuda humanitária internacional em Gaza. Os palestinos têm somente duas opções: ou a morte, ou o deslocamento forçado.
Apesar do arrefecimento do apoio dos EUA à continuidade irrestrita das atrocidades contra os palestinos, autoridades do regime sionista de Apartheid defendem o aumento da agressão.
Os ministros israelenses das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Ben-Gvir, por exemplo, propõem o deslocamento forçado de palestinos para fora de Gaza e a posterior ocupação com colonos judeus dos territórios roubados.
A organização israelense de Direitos Humanos Yesh Din denunciou a escalada da violência de colonos na Cisjordânia ocupada sob o pretexto da “guerra” em Gaza.
A entidade “documentou mais de 240 incidentes de violência de colonos em 93 cidades e aldeias da Cisjordânia. No entanto, até onde sabemos, as autoridades israelitas responsáveis pela aplicação da lei não apresentaram uma única acusação”.
Em comunicado, a Yesh Din alertou que “as restrições de movimento israelitas praticamente impuseram um encerramento total da Cisjordânia, com entradas e saídas de muitas aldeias e cidades bloqueadas. A colheita tradicional da azeitona foi quase completamente obstruída, causando enormes prejuízos financeiros a milhares de famílias palestinas”.
Com o assassinato do líder do Hamas Al-Arouri em Beirute, no Líbano, Israel expandiu perigosamente o conflito. Talvez com o objetivo de atrair outros atores regionais para o confronto.
Além de atingir um alvo prioritário, esta ação provocativa é conveniente ao sionismo neste momento em que a Administração Biden insinua uma inflexão de posicionamento e cresce a repulsa mundial às monstruosidades em Gaza.
Israel não mede esforços na imposição de sua política colonialista, racista e genocida. Deslocamentos forçados, epidemias e fome são outras armas mortais empregadas para promover a limpeza étnica em Gaza.