Meme do “TACO”: como expressão viral usada por brasileiros virou provocação a Trump
Impulsionado por memes, piadas e postagens irônicas, o termo viralizou após o governo dos Estados Unidos impor sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e anunciar um tarifaço que atinge produtos brasileiros.
A hashtag #TACO rapidamente se destacou no X (antigo Twitter), tornando-se um dos sete termos mais utilizados por usuários brasileiros na plataforma.
A expressão “Trump Always Chickens Out” começou como uma piada entre analistas financeiros e investidores americanos, apontando o padrão do presidente Donald Trump de anunciar medidas agressivas — principalmente no comércio exterior — e depois recuar diante de reações negativas do mercado.
Agora, internautas brasileiros resgataram o termo para ironizar a política de Trump em relação ao Brasil, especialmente após as sanções contra Moraes e as novas tarifas comerciais. A ideia por trás do meme é simples: mais uma vez, Trump estaria “amarelado”, recuando ou escolhendo alvos frágeis como forma de intimidação política.
A origem do termo
O termo TACO surgiu em maio de 2025 em uma coluna assinada por Robert Armstrong no jornal britânico Financial Times. O artigo, parte da série “Unhedged”, descrevia o comportamento típico de Trump de voltar atrás em decisões polêmicas — sobretudo quando o mercado reagia mal.
Armstrong cunhou a expressão “Trump Always Chickens Out” para explicar a chamada “teoria do TACO”, que logo virou tendência em Wall Street. Investidores passaram a usar o comportamento de Trump como estratégia: apostavam na recuperação das ações após anúncios de tarifas, confiando que ele recuaria — o que muitas vezes acontecia.
O conceito se popularizou entre operadores financeiros, que comparavam o comportamento do então presidente ao uso de uma put option — instrumento usado para limitar perdas. Chamavam isso de “Trump Put”.
TACO virou piada nas redes
O meme explodiu nas redes sociais brasileiras logo após os Estados Unidos aplicarem sanções individuais contra Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky — legislação americana voltada a punir autoridades estrangeiras envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos.
As sanções incluem:
- Proibição de entrada nos Estados Unidos;
- Congelamento de bens em território americano;
- Proibição de transações econômicas com empresas ou cidadãos dos EUA.
Vale lembrar que Moraes já havia tido o visto americano revogado, junto de familiares e aliados, conforme anunciado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, em 18 de julho.
A decisão gerou forte reação do governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a medida como uma “interferência externa inaceitável” no Judiciário. O STF também se manifestou em apoio a Moraes, afirmando que suas decisões contra Jair Bolsonaro foram respaldadas por votação no plenário da Corte.
Além das sanções, Trump assinou uma ordem executiva impondo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, no entanto, prevê isenção para cerca de 700 itens, incluindo exportações-chave como suco de laranja, petróleo e aeronaves.
A tarifa entra em vigor no dia 6 de agosto e faz parte de uma ofensiva mais ampla: em seis meses, Trump anunciou tarifas contra quase todos os parceiros comerciais dos EUA.
A justificativa da Casa Branca para a sanção contra o Brasil envolve acusações de “violações graves de direitos humanos”, ligadas ao processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o comunicado, o governo brasileiro estaria agindo para coagir redes sociais e censurar opositores.
Exemplo de uso anterior do TACO por Trump
O termo TACO foi lembrado em outras ocasiões durante o governo Trump, como:
- Suspensão das “Liberation Day Tariffs”: anunciadas para entrar em vigor em data simbólica, mas canceladas dias depois;
- Recusa em demitir Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, após ameaças públicas;
- Recuo em tarifas contra a China e União Europeia, durante negociações comerciais;
- Promessas não cumpridas de sanções duras, segundo levantamento da jornalista Shannon Pettypiece, da NBC News.
A combinação entre medidas duras dos EUA, memes políticos e a cultura de ironia nas redes sociais brasileiras fez do #TACO um fenômeno digital. A sigla tem sido usada tanto para criticar Trump quanto para defender Moraes e ironizar a diplomacia americana.
Além disso, a simbologia da palavra em português (associada ao sanduíche mexicano) facilitou a viralização, permitindo montagens, trocadilhos e piadas visuais.
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