Shows e política: até que ponto a diversão substitui a reflexão?
No domingo, 21 de setembro, a esquerda organizou uma série de manifestações em várias cidades do país, mas o que chamou a atenção não foram as pautas políticas ou os discursos, e sim os shows de cantores famosos que animaram o público. A estratégia parece clara: transformar a mobilização política em um grande espetáculo de entretenimento, usando artistas para atrair pessoas que, muitas vezes, vão mais pelo lazer do que pelo engajamento cívico.
Essa abordagem levanta um ponto delicado sobre o ativismo político: quando a política se mistura tanto com o show business, há o risco de diluir o debate sério e transformá-lo em consumo de massa. O que se vê são milhares de pessoas reunidas, cantando e dançando, mas talvez sem refletir profundamente sobre as reivindicações ou as consequências das ações defendidas pelos organizadores. A política, nesse contexto, vira um produto de entretenimento.
O contraste com as manifestações da direita é evidente. Nos atos promovidos por grupos conservadores, raramente há shows ou artistas contratados. O público se mobiliza mais pelo engajamento direto com a causa, pelas bandeiras e discursos que defendem. A ausência do espetáculo artístico não diminui a presença de pessoas; pelo contrário, reforça a ideia de um ativismo centrado na causa, e não na diversão.
É inegável que música e cultura têm papel importante na mobilização social, mas transformar manifestações em shows estrelados por celebridades cria uma diferença de motivação que precisa ser discutida. A reflexão sobre políticas públicas, economia ou democracia é substituída, muitas vezes, pela experiência de estar em um evento animado. O risco é que, no final, a manifestação seja lembrada mais pelo cantor do que pela pauta.
Portanto, a comparação entre os atos de domingo e as mobilizações da direita evidencia um fenômeno preocupante: a política convertida em entretenimento pode atrair multidões, mas não garante engajamento consciente. O desafio para qualquer movimento é equilibrar atração de público e profundidade do debate. Caso contrário, corre-se o risco de reduzir o exercício da cidadania a mero espetáculo, em vez de um espaço de reflexão e transformação social.
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