Zelensky rejeita veto à Otan em plano de paz negociado com os EUA
O presidente da Volodymyr Zelensky afirmou nesta quarta-feira, 24, que a mais recente proposta preliminar para encerrar a guerra na Ucrânia — discutida entre Kiev e Washington — não impõe ao país a renúncia formal à adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Segundo o líder ucraniano, a decisão sobre uma eventual entrada no bloco permanece exclusivamente nas mãos dos países-membros da aliança.
“Cabe aos membros da Otan decidir se aceitam a Ucrânia ou não. Nossa escolha já foi feita”, afirmou Zelensky, reforçando que o objetivo estratégico de integração ao bloco militar segue inalterado, apesar das pressões diplomáticas para uma solução negociada do conflito com a Rússia.
O presidente lembrou ainda que Kiev já se afastou de versões anteriores do plano elaboradas pelos Estados Unidos que exigiam mudanças na Constituição ucraniana para proibir a adesão à Otan. “Nós nos afastamos das propostas que condicionavam a paz a um compromisso legal de não ingressar na aliança”, disse.
As declarações ocorrem em meio a um momento delicado das negociações, marcadas por ofensivas militares intensificadas e pela morte recente de um dos mais importantes generais russos — episódio que aumentou a tensão e levantou dúvidas sobre a viabilidade de um acordo de cessar-fogo no curto prazo.
Na última sexta-feira (19), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que Washington não pretende impor um acordo de paz à Ucrânia. A declaração foi feita durante encontros realizados em Miami, que reuniram representantes norte-americanos e europeus em uma tentativa de destravar as negociações para o fim da guerra, iniciada em fevereiro de 2022.
As conversas, no entanto, não resultaram em um cessar-fogo. Durante o encontro, enviados do presidente americano, Donald Trump, apresentaram uma proposta segundo a qual os Estados Unidos ofereceriam garantias de segurança à Ucrânia em troca da cessão de parte do território ocupado pela Rússia — uma hipótese amplamente rejeitada pela opinião pública ucraniana e por setores do governo em Kiev.
Apesar de o plano ter origem em Washington, Rubio reforçou que os Estados Unidos não pretendem forçar sua aceitação. “Essa narrativa de que estamos tentando impor algo é ridícula”, afirmou. “Não podemos obrigar a Ucrânia a chegar a um acordo. Não podemos obrigar a Rússia a chegar a um acordo. Eles precisam querer chegar a um acordo.”
Enquanto isso, a guerra segue sem perspectiva imediata de desfecho, com ataques russos recentes provocando mortes e apagões em diversas regiões da Ucrânia, inclusive durante o período de Natal, aprofundando a crise humanitária e ampliando a pressão internacional por uma solução diplomática.
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