Minha neta mais velha teve, nesta semana, sua primeira dúvida teológica. Passeando, encontramos algumas casas decoradas com o presépio que lhe chamaram a atenção mais que os quadros expostos em minha casa, originários de outros países. Recordei-lhe que estávamos comemorando o nascimento de Jesus, portanto um bebê, e não a chegada de um velhinho com um saco cheio de presentes. Sem soltar minha mão, franziu o rosto e me questionou se Jesus usava fraldas. Bebê pode ser Deus? Para ela, não existe divisão de classe, nem de sexo ou outra qualquer. A única divisão social é por idade. Para minha neta, o último escalão, o mais baixo da sociedade, são os bebês. Como Deus poderia ser um deles. É um raciocínio irretorquível para sua idade. Faz todo o sentido. Especialmente quando antagonizou Jesus com Papai Noel. O bom velhinho merecia uma defesa intelectual-infatil. Cristo não foi expulso apenas pelos vendilhões do templo. Pensando bem, a proposta ultra-consumista do Natal, expulsou Cristo da vida da sociedade ainda mais que os vendilhões do templo. Aquele bando de sanguessugas que vendiam a religião (ainda vendem). Seu nome foi borrado na mais bela festa de cada ano. Onde Jesus foi parar? Por estes dias, deveríamos celebrar um Jesus que andasse de fraldas, um bebê destinado a mudar o mundo. Seu futuro não era vender o mundo.
