Cunha faz jus à fama de homem-bomba ao aceitar impeachment
Com a aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) faz jus à fama de homem-bomba: vendo que iria cair, decidiu se explodir e levar a presidente com ele.
Sem apoio no Congresso e com popularidade em baixa, Dilma corre risco de perder o mandato mesmo que o crime de responsabilidade seja discutível. O pedido de impeachment formulado por Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. é considerado consistente, mas não tem unanimidade entre juristas.
A aliados, Cunha já havia antecipado que "soltaria" impeachment
Atolado em denúncias de corrupção, Cunha não tem autoridade moral para conduzir o processo de impeachment, mas isso é irrelevante para a oposição. O deputado federal é o homem do PMDB, que tem um plano pronto para colocar em prática. É o Plano Temer. No papel, muito bonito. Na prática, incógnita.
Pelo Twitter, Eduardo Cunha fez jogo de cena, dizendo que ouviu a voz das ruas:
Atendendo ao pedido das ruas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acolheu o pedido de #impeachment de @dilmabr pic.twitter.com/JQ1t8RXz09
¿ DeputadoEduardoCunha (@DepEduardoCunha) December 2, 2015
Há algum tempo, PMDB e PSDB vêm conversando sobre o governo pós-Dilma. Fala-se até em José Serra no Ministério da Fazenda. Michel Temer, que sozinho não teria sequer chegado ao segundo turno, poderá herdar um governo inteiro. O PMDB é bom de jogo.
Bancada do PT decide votar contra Cunha no Conselho de Ética
Um dos caciques do PMDB diz nas conversas:
— Eu vou ao velório, choro, acendo vela, seguro a alça do caixão, mas, na cova, não entro.
Abandonada por Lula, com parte do PT jogando contra seu governo, Dilma terá dificuldade para se defender. Também falta-lhe um articulador. O destino da presidente está atrelado à crise econômica. É ela a causa principal da impopularidade, mas as denúncias de corrupção pesam. E muito. Dilma paga pelos próprios erros e também pelos de Lula, do PT e dos que caíram na rede da Lava-jato. As pesquisas são avassaladoras.