Estudantes bloqueiam vias da capital paulista contra reforma da rede de ensino
Estudantes contrários à reorganização da rede estadual de ensino, realizada pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), bloqueiam ao menos seis vias das zonas sul e oeste da capital paulista nesta quinta-feira. Um dos "travamentos", na região central, acabou após os manifestantes serem dispersados com bombas de gás pela Polícia Militar.
Os protestos pedem que o governador Geraldo Alckmin recue da decisão de fechar escolas no Estado. Inicialmente, os alunos organizaram ocupações nas unidades de ensino, mas desde o início desta semana passaram a também bloquear ruas e avenidas importantes da capital. Alguns atos anteriores terminaram com manifestantes detidos e confronto com policiais.
Rovena Rosa/Agência Brasil
Na manhã desta quinta-feira, os estudantes interditaram completamente a Marginal do Pinheiros, no sentido Interlagos, na altura da Ponte Eusébio Matoso, na zona oeste. Na região, o cruzamento da Avenida Professor Francisco Morato com a Avenida Jorge João Saad, sentido centro, também foi travado. Na Lapa, a manifestação acontece no cruzamento da Rua Heitor Penteado com a Avenida Pompeia, no dois sentidos.
Já na zona sul, os manifestantes bloquearam a Avenida João Dias, próximo ao terminal de ônibus, no sentido centro. Na Estrada do M'Boi Mirim o protesto ocorre na altura da Rua José Barros Magaldi.
Todos os atos bloqueiam completamente as vias. Na quarta-feira, o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou que não vai permitir que os protestos não deixem ao menos uma faixa livre para o trânsito e elogiou a atuação da PM até o momento, classificada por ele como "legítima" e "sem excesso". Moraes também disse que as manifestantes precisam avisar o poder público previamente sobre os atos.
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Ainda nesta manhã, os alunos chegaram a ocupar o cruzamento das Avenidas Angélica com a São João, mas a PM usou bombas de gás para dispersar o grupo. Segundo testemunhas, uma das bombas chegou a atingir uma moto, que foi danificada.
Um grupo de homens da Força Tática da Polícia Militar atirou ao menos quatro bombas de efeito moral contra estudantes que tentavam chegar ao 14º Distrito Policial (Pinheiros), na zona oeste da capital, onde quatro ativistas, sendo três maiores de idade e um menor, estão detidos após participação nos protestos. Entre eles está a estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero Isabela Barbosa, de 21 anos.
A PM fechou a Rua Deputado Lacerda Franco no trecho em frente à delegacia para que os jovens não consigam chegar ao local. Até mesmo comerciantes e moradores foram impedidos de passar pelo cordão de isolamento feito pelos policiais.
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Antes do grupo entrar na rua, uma equipe da PM tentou prender um estudante e um policial pegou uma carteira que estava na mão de um dos manifestantes para tentar agredir os jovens.
— Eu sou maior de idade, estava avisando aos secundaristas quando eles iam jogar bombas, aí eles me prenderam. Dá foco aos secundaristas, eu não quero ter foco, eu sou de maior e quem precisa de foco é eles — disse Isabela, enquanto era conduzida pelos policiais.
— Ele (policial) falou que eu fui presa porque desacatei uma ordem dele de sair de trás do pelotão e ir para junto dos meninos. Só que eu tenho direito de ir e vir.
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*Estadão Conteúdo