Para Lula, Cunha não pensa no país e impeachment é "loucura"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira, estar indignado com o deferimento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para ele, Cunha colocou seus interesses pessoais acima dos interesses do país.

— O presidente da Câmara, me parece, tomou a decisão de não se preocupar com o Brasil — disse Lula, após participar de reunião com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

— Me parece que a prioridade dele é se preocupar com ele, quando esse país de 210 milhões de habitantes é mais importante que qualquer um de nós individualmente — completou.

Governo quer acelerar votação do pedido de impeachment na Câmara
"Perdeu no campo e está tentando ganhar no tapetão", diz Jaques Wagner sobre Cunha

O petista também defendeu que o melhor para o Brasil é que haja uma solução rápida para o processo.

— Precisa decidir isso logo. Se a gente for esperar passar Natal, passar fevereiro, passar o Carnaval, qual será o clima político neste país? Qual investidor que vai querer investir no Brasil? Qual empresário brasileiro vai querer colocar dinheiro na economia? — disse Lula, após participar de reunião com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Lula aproveitou para criticar a oposição, que, segundo ele, insiste no "terceiro turno" das eleições de 2014.

— Aqueles que quiseram fazer o terceiro turno da eleição, caçando a presidenta Dilma na Justiça Eleitoral, agora acharam a possibilidade do terceiro turno com a tese do impeachment, que não tem nenhuma sustentação legal, a não ser uma demonstração de raiva, de ódio — afirmou Lula, completando que fez oposição a vida inteira, mas que "vocês não viram uma única vez em que perdi as eleições, eu ficar criando caso por causa das eleições".

Dilma mentiu na TV ao negar barganha contra o impeachment, contra-ataca Cunha
Assista ao pronunciamento de Dilma contestado pelo presidente da Câmara

O ex-presidente também citou a vitória de Dilma com a aprovação das novas bases para o orçamento de 2015. Segundo ele, quando tudo parecia estar na "normalidade", a presidente recebeu "como prêmio um gesto de insanidade com o pedido de impeachment".

— Eu acho que o Brasil não merece isso. Eu acho que as pessoas sérias desse país não podem aceitar isso — destacou.

Por fim, Lula repetiu o discurso de "vingança" por parte de Cunha devido à votação no Conselho de Ética.

— Você não acha que é muito pequeno o motivo de pedir o impeachment da presidenta? Você não acha que se isso estiver na cabeça do Eduardo Cunha, é uma atitude muito pequena? Subordinar um país inteiro, subordinar os interesses de mulheres, homens, brancos, negros, crianças nesse país a uma visão corporativa, pessoal, de vingança? Eu quero crer que não seja verdade, porque, se isso for verdade, é muita leviandade.

— Eu conheço a Dilma, e é muito difícil alguém imaginar que Dilma faz barganha — concluiu, se referindo à acusação de Cunha de que Dilma chamou o deputado André Moura (PSC-SE), um dos aliados do presidente da Câmara, para propor que, em troca da aprovação da CPMF, o PT votasse a favor de Cunha no Conselho de Ética.