Bolsa fecha em forte alta com chance de impeachment
O mercado financeiro reagiu com euforia ao anúncio do acolhimento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Puxada pelos papéis de estatais como Petrobras e Banco do Brasil, o Ibovespa encerrou a sessão desta quinta-feira com uma alta de 3,29%, aos 46.393 pontos. Na máxima do dia, chegou a uma valorização de quase 5%. Na ponta oposta, o dólar caiu 2,2%, fechando em R$ 3,74.
Para o analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, o mercado leu a notícia como uma sinalização de mudança.
— A presidente Dilma está com pouca força política, sem capacidade de governar, de aprovar projetos. Com isso (o impeachment), há a perspectiva de uma governabilidade melhor lá na frente, com um novo governo ou coalização que faça as forças convergirem para um lado — avalia.
Puxada por estatais, Bovespa dispara
Abertura de impeachment pode gerar mais instabilidade para inflação
Acompanhe outras notícias de economia
Leia as últimas notícias do dia
Para Müller, essa perspectiva de mudança, na visão do mercado, traria uma perspectiva mais positiva para o país, apesar do aumento da incerteza política, paralisação da economia real no curto prazo e maior risco de o Brasil perder o grau de investimento por uma segunda agência de classificação de risco.
Em relação às estatais federais, a percepção é de que uma troca de governo poderia redundar em uma melhor gestão. Banco do Brasil e Petrobras integraram o grupo de empresas com maior valorização no dia. Enquanto o banco subiu 8%, a ação preferencial da petroleira teve alta de 5,7%. Os papéis ordinários da Eletrobras se valorizaram 3,8%.
— São ações que nos últimos tempos sentiram muito a ingerência política e queda nos resultados. Uma mudança de governo indica alteração na gestão destas empresas, o que impulsiona os papéis — explica.
O cenário para o mercado acionário no país, no entanto, segue nebuloso, lembra o analista. Além da economia brasileira claudicante, a possibilidade de os Estados Unidos subirem o juro nos próximos dias é outro fator que pressiona a bolsa brasileira.
— Mas, se tivermos um rali neste final de ano, talvez esse (o impeachment) seja o motivo — diz Müller.