O Teatro Mágico volta a Porto Alegre com coletânea de sucessos
Catarses coletivas em que o que não falta é gente rouca de tanto cantar e com os olhos inchados de tanto chorar. Assim têm sido as apresentações d'O Teatro Mágico desde seu surgimento, em 2003, e não deverá ser diferente neste sábado, quando a trupe volta ao Opinião.
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É a esse público entregue – que costuma ir fantasiado e maquiado e formar filas quilométricas horas antes das apresentações – que Fernando Anitelli, músico e criador do projeto, credita o sucesso e a longevidade do Teatro Mágico.
– O artista precisa entender que quem consolida a sua carreira é aquele pessoal que está ali na sua frente, que comprou ingresso, que se veio de longe, que pegou fila – diz Anitelli, em entrevista por telefone. – Por isso, temos um canal direto com o nosso público, seja detalhando nossos processos criativos, seja descendo do palco e conversando ao final de um show. Isso nos fortalece não apenas como artistas, mas como força criadora.
De fato, quem já assistiu a um espetáculo do Teatro Mágico deve reconhecer que, no Brasil, talvez a única banda que encontre fã-clube tão fiel seja Los Hermanos – com a diferença que o bando de Anitelli continua na ativa e produzindo. Tanto que o show deste sábado funciona como esquenta para as gravações do próximo disco do grupo, previstas para começar em janeiro no Rio de Janeiro.
– O que posso adiantar é que será um disco mais ligado ao momento do país, abordando questões mais complexas como homofobia e machismo – detalha Anitelli. – Mas sem deixar de trazer esperança, de trazer coisa boa, de ser dançante e festivo, como é o Teatro Mágico.
Para a apresentação de amanhã, no entanto, o Teatro Mágico fará um balanço de sua carreira, com canções pinçadas de seus quatro discos – Entrada para Raros (2003), O Segundo Ato (2008), A Sociedade do Espetáculo (2011) e Grão do Corpo (2014). Além disso, trará a participação de Lucas Silveira (Fresno) tocando canções próprias e do Clube da Esquina e um set com músicas da cantora Nô Stopa, integrante da trupe e cujo álbum mais recente, Manifesto Poesia , foi produzido por Anitelli. Sem contar as intervenções circenses e poéticas que viraram uma das marcas registradas do grupo.
– O Teatro Mágico vem aprendendo muito nessa caminhada, mas acho que nosso principal legado é a luta pela música livre – comenta Anitelli. – Sempre que alguma gravadora nos chamava para conversar, aparecia o discurso equivocado de que a música não podia ser liberada. Besteira, todos os nossos discos estão aí para serem baixados de graça. Compartilhar música é compartilhar afetividade.