Encontro no Grupo RBS reuniu colunistas de ZH para homenagem e celebração da pluralidade de opinião

O grande fórum de debate que se espalha pelas páginas de Zero Hora todos os dias saiu do papel e se reuniu nesta quarta-feira, no primeiro encontro dos colunistas do jornal. Um almoço na sede da RBS contou com a presença de 70 dos 95 articulistas que compartilham suas opiniões com os leitores.

A diretora de Redação dos Jornais do Grupo RBS, Marta Gleich, recebeu os convidados especiais e ressaltou:

— Zero Hora tem hoje 95 colunistas diários, semanais, quinzenais ou mensais. É fantástico que consigamos reunir, num só evento, 70 desses 95 cronistas e articulistas, que representam a força e a pluralidade de ZH.



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De David Coimbra a Moisés Mendes, de Marcos Rolim a Percival Puggina, o encontro evidenciou a abertura à diversidade de pontos de vista em ZH.

— Este é um diferencial de nosso jornal, que foi construído ao longo de muitos anos. Nossos leitores fazem diariamente, em seus ambientes, um exercício de formação de opinião a partir do que nós entregamos a eles. Vocês transformam a vida das pessoas que nos leem — ressaltou Nelson Sirotsky, presidente do Conselho de Administração do Grupo RBS.

Na entrada do evento, cada colunista recebeu um livro com um compilado de seus textos publicados nos últimos 12 meses. Depois, uma rodada de perguntas comandada por Marcos Piangers, Luciano Potter e Paulo Germano foi da política à economia, da cultura ao futebol, passando por entrevistados como Luis Fernando Verissimo, Martha Medeiros e Claudia Tajes, entre outros.

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— Tem sido um ano muito complexo, com contexto bastante intenso. É justamente neste momento que reafirmamos o compromisso de que a RBS é, e será, uma empresa de jornalismo. Repactuamos essa crença. Queremos fazer o melhor conteúdo do mundo para o Rio Grande do Sul — disse Eduardo Sirotsky Melzer, presidente do Grupo RBS, antes de completar:

— Só somos o que somos por essa pluralidade de opiniões que vocês (colunistas) representam.

O diretor de jornalismo do Grupo RBS, Marcelo Rech, classificou o encontro de colunistas como um "momento histórico":

— Nunca vi, nem soube de nada parecido com um encontro como este. Sou testemunha de que vivemos um momento muito positivo, em que há crença no jornalismo qualificado. Para isso, é essencial a opinião.

Em um momento em que todos têm opinião, torna-se fundamental a que é diferenciada, dando ao conteúdo um patamar adicional de qualidade.

A reunião serviu, também, para projetar o futuro e comemorar o salto de qualidade dos conteúdos produzidos por ZH em 2015.

— Tínhamos dois desafios no início do ano. Um era aumentar a relevância do conteúdo de ZH. Investimos e dobramos o número de reportagens especiais. As pessoas já percebem e entendem o quanto elevamos o nível do jornalismo — avaliou Andiara Petterle, vice-presidente de jornais e mídias digitais. — O outro era relacionado à distribuição. Optamos por um caminho de conteúdo pago e cada vez mais digital. Lançamos o ZH Tablet, um modelo diferente de distribuição em que fornecemos o tablet ao assinante. Foi um sucesso muito além do esperado, e mostra um caminho para o futuro do jornal.

Com a palavra

Durante o evento dedicado aos colunistas de ZH, 20 deles não escaparam das perguntas de Paulo Germano, Luciano Potter e Marcos Piangers. Veja como foi o bate-papo.

Potter - Qual é a diferença entre escrever em Boston e em Porto Alegre?
David Coimbra - Recebo mais informação do que sou capaz de processar. Tenho acesso a todos os meios de comunicação e da imprensa brasileira, internet, rádio, pessoas ligando, grupos de WhatsApp, então é como se eu estivesse aí (em Porto Alegre). A vantagem é que fico livre de certas pressões, aquele negócio de gente buzinando no ouvido para influenciar tua opinião de alguma forma. Livre dessas pressões, consigo até mesmo depurar melhor algumas informações, ver de longe o que está acontecendo e tirar minhas conclusões com certa isenção.

Piangers - Qual foi o rompimento mais dramático: Dilma e Temer ou Chimbinha e Joelma?
Tulio Milman - Acho que foi de David Coimbra e Moisés Mendes. Esse foi o grande embate que tivemos no Rio Grande do Sul neste ano.

Paulo Germano - A senhora é uma escritora adorada no Brasil inteiro. O que te faz continuar amando Porto Alegre? E o que tem te incomodado na cidade?
Martha Medeiros - O bom de Porto Alegre são as pessoas que estão aqui, minhas filhas, meus pais, meus amigos, vocês. Não amo uma cidade, gosto de viajar muito, não me sinto enraizada em lugar algum. Estou aqui por conta dos afetos. O que é ruim de Porto Alegre foi citado recentemente em uma crônica do Fabrício (Carpinejar). É a insegurança, é chegar em algum lugar e ver as pessoas contando quem foi ou não assaltado. O pior da Porto Alegre de hoje é não se ter a dignidade de caminhar na rua tranquilamente.

Piangers - O bicho está pegando aí em Brasília. Conta para a gente como andam as coisas por aí ( de Brasília, Carolina Bahia falou por Skype ).
Carolina Bahia - Gostaria de estar aí com vocês, conversando com os amigos, mas não há como sair de Brasília agora. A última mudança de hoje (quarta-feira) foi uma jogada do PMDB. A bancada de oposição do PMDB está derrubando o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, que é alinhado ao governo Dilma. Depois da repercussão da cartinha do Temer, a oposição do PMDB conseguiu as assinaturas necessárias para derrubar o líder. É um golpe, mas dentro do regimento, para colocar um líder pau-mandado do Cunha.

Piangers - Tínhamos uma pergunta diferente, mas a produção me disse que o senhor pediu para falar sobre o assunto "Taison ou Messi, o futuro dirá quem foi melhor".
Wianey Carlet - Quero mandar um abraço carinhoso para as genitoras destes rapazes (os repórteres), que eu prezo muito (risos). Também quero satisfazer a curiosidade de vocês: Taison, sempre!

Piangers - A senhora está pessimista ou otimista com a educação e a etiqueta no futuro?
Celia Ribeiro - Não estamos tendo bons exemplos, a começar pela Câmara dos Deputados. Mas sou otimista. Creio que, na boa educação, existe uma evolução natural. Acho que todo mundo sabe que não deveria fazer para o outro aquilo que não gostaria que se fizesse conosco. Esse é o princípio da boa educação.

Paulo Germano - Para a economia, é melhor ter impeachment ou não?
Marta Sfredo - Não resolve os problemas econômicos. É um imbróglio político que impede a solução dos problemas econômicos, mas não traz no seu bojo as soluções. Ele limpa a pauta para tratar deles, que são bem grandes.

Paulo Germano - A quantos shows do Rolling Stones você foi? Os caras já têm 113 anos cada um, será que eles ainda mandam bem no palco?
Roger Lerina - Fui a quatro shows, inclusive um na terra dos Stones, que é Buenos Aires (risos). Há uma energia, uma mística muito interessante, que vem do público para aqueles velhinhos ali no palco, pois é inacreditável como correm, Mick Jagger especialmente. Inclusive recebi há pouco uma mensagem pelo WhatsApp de que terá uma ala ultramegasupervip que dá direito a engravidar do Mick Jagger neste show de Porto Alegre (risos).
Paulo Germano - Com essa crise, acho que vou me candidatar a esta área!

Piangers - Quem será o presidente do Brasil daqui a um ano?
Moisés Mendes - Acho que é o Michel Temer. O vice-presidente existe para conspirar. Estava falando há pouco com o Luis Fernando (Verissimo), que a outra utilidade do vice-presidente neste caso do Brasil seria resgatar o latim. Eu mesmo vou escrever uma crônica em latim. O Kadão (Ricardo Chaves) também disse que vai escrever em latim, assim como a Cláudia (Laitano)... Não sei se não haverá algum exagero, mas as pessoas estão pensando muito em latim ultimamente.

Piangers - Você acha que a ZH pode ser chamada de um jornal de direita ou de esquerda?
Marcos Rolim - Olha, eu sou de esquerda, o (Percival) Puggina é de direita, e a gente escreve na mesma página. Com isso, concluo que o jornal só pode ser petista, pois, para juntar esquerda e direita sem cerimônia, só mesmo o PT (risos).

Potter - Marcos Rolim acabou de dizer que ZH é petista. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Percival Puggina - Editorialmente, o jornal se distingue d'O Globo, da Folha de S.Paulo ou do Estadão porque tem neutralidade em relação às circunstâncias dos momentos políticos. Em relação à esquerda ou direita, por vezes os leitores me contam que entram em contato com o jornal para dizer que ele é muito de esquerda e muito petista, e que ouvem a seguinte resposta dada por alguém que atende à ligação: "Mas tem o Puggina!". Então, eu seria a pluralidade (risos).
Potter - Bom, então acho que a gente tem que aumentar o salário do Puggina.

Potter - Você está comendo um prato bem frugal e também faz ioga. Só assim para aguentar os comentários das pessoas nas redes sociais criticando tudo o que a gente escreve?
Mariana Kalil - Rivotril também ajuda. Bastante. Mas, para seguir adiante, só meditando, fazendo muita ioga e comprando as brigas que valem a pena, porque a maioria não vale.

Potter - A Jornada de Passo Fundo foi cancelada e a Bienal encolheu. Qual é a saída para essa pindaíba em que se encontra nossa cultura?
Cláudia Laitano - Acho que é a reinvenção. Esta é a palavra para 2016. Temos no Brasil muitos problemas com modelo de financiamento cultural, muito dinheiro privado e público usado sem critério. Para termos a chance de o dinheiro ir para coisas legais, que precisam realmente de financiamento, é preciso muita reinvenção e resiliência.

Potter - A senhora já era colunista de política quando do impeachment do Collor, que, na verdade, renunciou. Qual é o seu palpite sobre a presidente Dilma?
Rosane de Oliveira - Ah, Potter, você quer denunciar minha idade aqui, dizendo que eu já era colunista na época do Collor (risos). Mas estou aqui há 23 anos. Então, o pior é que faz sentido. Não tenho bola de cristal, mas tem uma coisa em comum entre o Collor e a Dilma, que é a baixíssima popularidade. De resto, há uma série de diferenças, que já citei em coluna. Hoje, meu palpite é de que a Dilma está muito frágil, mas não me arriscaria a dizer se cai ou não cai, porque fazer esse tipo de prognóstico no Brasil é uma tremenda irresponsabilidade.

Potter - Como é ganhar do Piangers o Prêmio Açorianos?
Diana Corso - É coisa de velha, né? Ele ainda chega lá (risos).

Paulo Germano - O senhor é um grande amigo do Fabrício Carpinejar. Acho isso uma grande informação, porque o senhor é uma pessoa legal, cordata, com tom de voz suave, reconfortante até. Gostaria de saber como é a amizade com o Carpinejar, que não está aqui pois foi ao programa da Fátima Bernardes.
Mário Corso - A gente aprende com os diferentes. Então, que graça tem ser amigo de alguém com a mesma opinião? Trocamos muito sobre literatura, sobre o que eu ou ele estamos lendo, o que estamos escrevendo, esse tipo de coisa. Também falamos muito sobre o Inter. Nós dois somos muito feios, também temos isso em comum, embora acho que ele se puxa mais nisso do que eu (risos).

Paulo Germano - Diogo, com essa cara de menino, tem, na verdade, 26 anos de jornalismo. Quero saber se em todo este tempo já viu alguém falar tanto quanto o Argel.
Diogo Olivier - Vale o Cláudio Brito? (risos).
Paulo Germano - O Brito é hors concours. Não vale! Mas o Argel fala demais, não fala?
Diogo Olivier - É, se bem que estou aqui com o Mauricio (Saraiva), com o Wianey (Carlet)... Seria bom cronometrar!

Paulo Germano - Como você circula pela cidade e é a primeira a saber de muitos lugares bacanas, sugira para a gente um lugar que a maioria das pessoas não conhece, mas é bacana de frequentar.
Fernanda Pandolfi - Tem o Bistrô da Vó Mercedes (Duque de Caxias, 550), no Centro. É um restaurante novo, pequeno e intimista, está começando agora e é muito legal. Acho que vale muito. O Diego (Fabris), do Destemperados, também conhece muitos lugares bacanas, talvez ele possa sugerir algum...
Diego Fabris - O wine bar Vinheria 1976 (Dr. Maurício Cardoso, 49) abriu na semana passada e está muito legal.