Reconexão
As festas de fim de ano são mais do que festas. São o resgate das perspectivas. É automático, mas não por isso menos revelador. Diremos todos, no Ano-Novo, com pequenas variações: "Saúde, paz e alegrias".
Difícil imaginar alguém dando um abraço no filho à meia noite do dia 31 e falando, engasgado pela emoção: "Fora Dilma" ou "Impeachment é golpe". Quem sabe um brinde no Réveillon: "À turma da Papuda", "Viva o japa da Federal" e "Cadeia para o Cunha". Não. Desejaremos a quem a gente ama o que de melhor podemos evocar. "Um bom ano", que "2016 seja melhor que 2015", "que o Inter ganhe um campeonato nacional", "Grêmio tri da Libertadores". Coisas fundamentais. É nelas que pensamos nessa época do ano.
O retorno à essência precisa ser repetido e exercitado. Nesse sentido, o Natal e o Ano Novo carregam uma mensagem universal, que sobrevive à fúria consumista e à histeria dos presentes. Celebrações coletivas nos reconectam uns aos outros. Nos impõem um intervalo, uma espécie de pit stop para reabastecimento de bom senso.
Tudo o que não quero nesses dias é ler sobre Brasília. Pouco me importa onde estejam Dilma Rousseff, Eduardo Cunha e os ministros do STF. Vou para Remanso. Minhas preocupações:
1) Vento sul ou nordeste, para escolher o lado de ida da corrida na beira da praia.
2) Se minhas gurias estão comendo frutas.
3) Achar um bom livro pra ler.
4) Estar em casa quando caminhãozinho de frutas e de verduras do Duca passar por lá.5) Acertar o ponto dos araçás que já amadurecem no pé.
O resto, fica pra depois.
Feliz 2016. Saúde, paz e alegrias. Que o resto a gente busca.