Falta manutenção e barragem, diz engenheiro que há 12 anos vê avenida inundar
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Aposta com boa chance de acerto em Campo Grande, é a seguinte: se chove forte, a região da Avenida Rachid Neder terá alagamentos e inundações. Aconteceu há quase duas semanas e é o que se repete há pelo menos 12 anos, pelas contas do engenheiro civil e ambiental, Antônio Sampaio. Neste mesmo tempo, ele pressiona a prefeitura por soluções para a drenagem do Córrego Segredo, que considera simples e de custo viável. O problema, ele explica, está principalmente no acúmulo de areia, pedras e troncos de árvores no sistema de drenagem construído ao longo do córrego, e na necessidade de se fazer mais uma barragem. "A água não para lá atrás, onde deveria parar, é por isso que transborda", resume. O curso d'água nasce no Bairro Nova Lima, a cerca de 9 quilômetros da área onde o transtorno chega. É para lá que o engenheiro aponta, ao falar de uma questão pontual que contribuiu para criar o cenário visto a cada chuva intensa. Ele se refere à erosão que se abriu sob o asfalto, naquele bairro, em 2011. "Foi depositada uma quantidade muito grande de terra, muito grande mesmo, com a abertura da cratera e todas as obras para resolver aquilo. Isso se somou à impermeabilização da região ao longo do tempo, que gerou maior volume de chuva escoando no córrego, algo que todos os sistemas de drenagem já preveem", detalha. Trechos mais problemáticos - O especialista acompanhou a reportagem no trajeto em direção à nascente, e apontou os três pontos mais críticos onde o sistema de detenção e contenção das águas não estão funcionando ou estão cumprindo a função parcialmente. O Segredo corre pela Avenida Ernesto Geisel e seu prolongamento, a Avenida Prefeito Heráclito José Diniz de Figueiredo. É lá que estão os trechos que pedem manutenção e nova barragem, conforme sinalizado em vermelho no mapa abaixo. Antônio sugere que uma nova barragem seja construída pouco antes da primeira, para "segurar" as águas que escorrem até a rotatória e descem até a Avenida Rachid Neder, bloqueando o trânsito e alagando residências. Ainda quanto à barragem 1, ele mostrou que um tronco enorme de árvore e terra estão obstruindo suas tubulações. Ela é basicamente um bloco que contém três tubos, sendo que um deles está comprometido e outro tem um impedimento parcial. Na segunda barragem, as tubulações estão totalmente trancadas pelos detritos. A quantidade de areia acumulada parece ser ainda maior do que a da anterior. Um detalhe importante, é que cresceu ali muita vegetação "invasora", diz Antônio, o que acaba atrapalhando também o sistema de drenagem. Por fim, ele mostra uma área circular próxima ao Drive Thru Ecológico Ecoplantar, no Bairro Otávio Pécora, que acabou subindo de nível graças ao acúmulo de terra e onde brotou mais vegetação, espontaneamente. "Assim, não tem como formar a 'piscina' que deveria formar para deter a água", afirma. Como resultado, afirma que sistema feito para drenar "chuva de 50 anos" na Capital, termo técnico usado para dimensionar certo volume de chuvas histórico e acima do esperado, não está operando como deveria há mais de uma década. Simples? - O engenheiro trabalhou por 25 anos na própria prefeitura e foi professor do curso de engenharia ambiental de duas universidades da Capital. Está aposentado desde 2020. Pela experiência, insiste que as ações necessárias não são complexas e pedem investimento baixo que teria resultado satisfatório. "São obras simples, que demandam um investimento que não é nada para o poder público. Basta ter uma boa equipe para cuidar da drenagem, gestão e vontade de fazer", diz Antônio. Ele afirma que participou da última reunião da câmara técnica de drenagem do Município e chegou a entregar um relatório com apontamentos e sugestões. Não sabe se chegou a ser analisado. "Com tantas mudanças de gestão na Secretaria de Obras, esses documentos se perdem e alguns projetos acabam não sendo iniciados e concluídos", disse. O que diz a secretaria - A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), que é responsável pelo relatório e atualmente chefiada pelo engenheiro Marcelo Miglioli, informou via assessoria de imprensa que o relatório mencionado não chegou até a pasta. Quanto aos problemas identificados por Antônio, respondeu que a solução é menos simples do que apurada e que busca recursos para colocar um projeto em prática. "A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos ressalta que o sistema de drenagem da região é bastante antigo, sendo implantado quando a situação da cidade era outra, sendo complexa a solução para essa questão atual. A Sisep informa que já tem um estudo sobre as intervenções necessárias para solucionar o problema naquela região e que no momento busca recursos para executar o projeto. Uma das medidas é a construção de barragens", diz a nota. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News .